Passei em um Mestrado em Coimbra: Tchau Brasil, olá Portugal
ou "você já experimentou a sensação de ser completamente livre?"
Passei no Mestrado em Escrita Criativa na Universidade de Coimbra e estou me mudando, com muito medo, para a Guiana Brasileira em Setembro, como uma pessoa bem diferente da menina que andou sozinha, com um mochilão nas costas, pelas ruas de Lisboa em 2015.
Assusto-me ao perceber que se passaram 10 anos desde a viagem que mudou a minha vida.
Não me sinto mais velha, mas mais medrosa.
Audácia.
Essa palavra resume bem a juventude, pelo menos a minha, eu era audaciosa, digo sem modéstia alguma. Nos 10 anos subsequentes o nível de audácia no meu sangue diminuiu, resultado (talvez) de um córtex pré-frontal desenvolvido, que me fez perceber os perigos de ser uma mulher viajando sozinha, além de entender que o mundo mudou.
PARA TUDO QUE EU ENCONTREI FOTOS DA ÉPOCA:
Eu tinha 21 anos e estava fazendo um mochilão pela Europa completamente sozinha, com o dinheiro que juntei — do estágio na TV Cultura, mais o salário das longas horas em pé em uma loja de shopping — para gastar tudo com uma passagem ida e volta para Europa, hospedagens em hostels e uma alimentação, não equilibrada, em euro.
Foi ali que me senti livre pela primeira vez.
Lisboa era o fim dessa liberdade.
Estar sozinha, em uma região distante e completamente diferente do que eu estava acostumada, me trouxe uma sensação única que eu tentaria reproduzir para o resto da minha vida.
A sensação de liberdade.
Você já experimentou a sensação de ser completamente livre?
Eu já, naquele mochilão.
É até difícil descrever: eu estava vivendo a minha vida no presente, sem me preocupar com minha profissão, meus relacionamentos, ou com os julgamentos de terceiros. Eu estava completamente livre dos meus próprios medos, inseguranças e vontades.
Pauso rapidinho para avisar que fiz um vídeo bem completo sobre a Jane Austen, lá no meu canal, se quiser assistir, vou deixá-lo aqui:
Voltando a Lisboa:
A cidade não entrou no roteiro, por ser longe do resto da Europa que eu queria ver: Roma, Paris, Barcelona. Porém, peguei um voo com escala de um dia na cidade, e aproveitei para caminhar no que seria o último dia da viagem.
Lisboa era linda, parecia um Rio Janeiro bem cuidado, sem os perigos e menos vibrante. A comida: maravilhosa. As pessoas: um pouco mal educadas quando escutavam meu sotaque — na época eu não me importei com isso. O clima: perfeito para uma noite de verão.
Cheguei, passeei, dormi e fui embora.
Queria ter ficado mais!
Agora, preparo-me para retornar. Será que a sensação de liberdade vai me preencher por inteiro mais uma vez? Será que a minha experiência vai ser positiva? Será que os ímpetos da juventude vão retornar deixando-me menos nervosa?
Mistérios.
Mas o que seria da vida sem esses questionamentos?
A verdade é que não sei o que vai acontecer daqui em diante. Tenho medo de deixar meu país e sofrer xenofobia, tenho medo de deixar meu namorado, tenho medo de me afastar dos meus pais.
Diferente dos 21, hoje me preocupo com coisas absolutamente comuns da vida adulta: como pagarei meus boletos em euro? Conseguirei manter um Mestrado enquanto trabalho? A saudade vai ser tanta ao ponto de me fazer chorar? A saúde mental vai se manter em dia?
Não sei, não sei, não sei!
E o não saber prende a minha garganta ao ponto de faltar ar.
Pauso de novo o texto, desculpa gente, mas preciso divulgar meu trabalho, já que daqui em diante vou pagar tudo em Euro!
Abri um curso sobre como “se vender”, sem “se vender” nas redes sociais, para escritores, criativos e profissionais no geral.
Audácia: a maturidade tirou isso de mim!
Porém, tento recuperar aquela mesma sensação de liberdade, para ter forças e aproveitar por completo essa nova fase da minha vida.
Vou iniciar um Mestrado em Escrita Criativa que pode mudar a minha carreira como escritora e estou animada para dar este passo importante na minha vida profissional.
Entendi, muito nova, que a coragem não é a ausência de medo. A coragem é fazer as coisas mesmo com medo. Aos 21 a audácia nebulava o medo, agora, tenho que lidar com ele e ser corajosa enquanto busco a sensação de liberdade ao ir para um outro país viver, estudar e me firmar como escritora.
Estou ansiosa e animada com essa nova fase, e logo, o medo vai passar e dará lugar a liberdade.
Bom, é isso que espero. Porque não existe sensação melhor do que a liberdade.
Oi, aqui é a Ana Barros, te convido para conhecer meu livro de estréia “As luzes de dois cérebros anárquicos” publicado pela Paraquedas e viabilizado pelo ProAc. Aqui você conhecerá Angela, uma mulher que está buscando a liberdade fora dos padrões sociais (sim, eu e minha eterna busca por liberdade).
Nenhuma experiência é 100% única mesmo, não é assim que falam? Kkkkk minha primeira viagem para fora do Brasil foi Portugal, e fiquei em Lisboa por mais de uma semana. Foi lá que eu senti essa sensação de liberdade. Um poder extraordinário. Isso mudou minha vida. Minha carreira e meus sonhos. Estou voltando para Lisboa em maio e fico até junho. Espero que seu retorno seja tão bom quanto sua primeira experiência.
Que massa! O Ferdinando Casagrande tá indo também. Acho que vocês vão se encontrar. https://substack.com/@ferdicasagrande